segunda-feira, 26 de março de 2012

CHICO ANYSIO: 209 FACES, UM SÓ CARÁTER

Neste dia 23 de março de 2012 nós, brasileiros, perdemos o gênio do humor Chico Anysio. Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho nasceu em 12 de abril de 1931, na cidade de Maranguape-CE, a qual ele sempre fez questão de mencionar e de quem é o filho mais ilustre. Aprendi a gostar de Chico Anysio com meu saudoso pai, que era seu fã. Lembro-me de quando era criança nos anos 70, minha família se reunia diante de um televisor Telefunken preto e branco e assistíamos religiosamente toda semana o programa Chico City e nos deleitávamos com todos os personagens vividos pelo Chico. Pantaleão, Bozó, Coalhada, Painho, Canavieira, Azambuja, Véio Zuza, só pra citar alguns, pois foram 209, e todos com identidade própria, cada um com uma voz característica. Eram tão diferentes um do outro e tão perfeitamente interpretados que era difícil acreditar que todos eram o mesmo intérprete, tamanha a genialidade dele. Os anos se passaram e outros programas vieram, como Chico Total, Chico Anysio Show e a eterna Escolinha do Professor Raimundo. Chico era muito versátil. Escreveu livros, trabalhou no rádio, no cinema e na televisão. Fazia comédia stand up muito antes de virar moda no Brasil, atuava, produzia e dirigia. Era um artista completo, mas sua grande vocação era mesmo fazer rir. Com uma inteligência privilegiada, abordava os temas do momento, fossem eles políticos, religiosos, ou sociais sem perder a piada. Era muito generoso também e de grande caráter. A Escolinha do Professor Raimundo foi um quadro criado por ele e seu formato foi exibido em vários programas humorísticos por mais de 38 anos e em 1990 tornou-se um programa que foi exibido pela Rede Globo até 2001, com algumas interrupções. Era um programa de grande audiência e que servia tanto para revelar novos e grandes talentos(como Tom Cavalcanti e Pedro Bismark, entre outros) como para manter em atividade grandes comediantes do passado que perderam espaço na televisão(como Walter D'Ávila, Zezé Macedo, Brandão Filho, entre outros), graças à generosidade de Chico Anysio. Cresci assistindo Chico Anysio e ainda assisto no canal Viva que a Rede Globo mantém na tv fechada. É impressionante como o humor do Chico não tem época, está sempre atualizado. Com sua morte fica uma lacuna no humorismo brasileiro que tão cedo não será preenchida. Ele foi o maior de todos, não para ele, que era um grande fã de Oscarito e Grande Otelo, e como ele mesmo dizia, "eu nunca serei tão engraçado quanto eles", por isso criou tantos persnonagens e aí se tornou o maior. Agora começam as homenagens póstumas, reprises de programas, de entrevistas, trechos de apresentações, mas ele merecia uma homenagem em vida, nos moldes da que teve Roberto Gómez Bolaños, o Chespirito ou Chaves, feito pela tv mexicana Televisa. Uma linda homenagem, digna do grande artista que ele foi. Infelizmente no Brasil os grandes só são lembrados depois de mortos. Foi assim com Chico Anysio e provavelmente será assim com o Rei Roberto Carlos, nosso cantor maior, com o Rei Pelé, o atleta do século XX e maior jogador de futebol de todos os tempos, com Hebe Camargo, a nossa grande dama da televisão, com Silvio Santos, o maior comunicador deste país. Ser reconhecido em vida pelo trabalho que realizou é o maior presente que alguém pode receber. Chico Anysio se foi, mas vai permanecer para sempre através dos seus personagens inesquecíveis.


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